São as cantigas
satíricas que criticam alguém indiretamente, não indicando quem é criticado.
Essa ridicularização é feita através do uso de sutilezas, ironias, sarcasmos,
trocadilhos, jogos semânticos e palavras ambíguas, também chamada de palavras
encobertas (de duplo sentido), os trovadores chamavam esse processo de
“equívoco”.
Exemplos:
Ai, dona fea! Foste-vos queixar
que vos nunca louv'en meu trobar;
mas ora quero fazer um cantar
en que vos loarei toda via;
e vedes como vos quero loar:
dona fea, velha e sandia!
Ai, dona fea! Se Deus me pardon!
pois avedes [a] tan gran coraçon
que vos eu loe, en esta razon
vos quero já loar toda via;
e vedes qual será a loaçon:
dona fea, velha e sandia!
Dona fea, nunca vos eu loei
en meu trobar, pero muito trobei;
mais ora já un bon cantar farei,
en que vos loarei toda via;
e direi-vos como vos loarei:
dona fea, velha e sandia
que vos nunca louv'en meu trobar;
mas ora quero fazer um cantar
en que vos loarei toda via;
e vedes como vos quero loar:
dona fea, velha e sandia!
Ai, dona fea! Se Deus me pardon!
pois avedes [a] tan gran coraçon
que vos eu loe, en esta razon
vos quero já loar toda via;
e vedes qual será a loaçon:
dona fea, velha e sandia!
Dona fea, nunca vos eu loei
en meu trobar, pero muito trobei;
mais ora já un bon cantar farei,
en que vos loarei toda via;
e direi-vos como vos loarei:
dona fea, velha e sandia
João Garcia de Guilhade
Paródia ao elogio cortês das senhoras. Uma senhora
reclama de nunca ter sido homenageada em nenhuma canção então o eu-lírico a
coloca como sua “musa inspiradora”.
O que foi passar a serra
e non quis servir a terra
é ora, entrant'a guerra,
que faroneja.
Pois el agora tan muito erra,
maldito seja!
O que levou os dinheiros
e non troux'os cavaleiros,
é por non ir nos primeiros
que faroneja.
Pois que ven cõnos prestumeiros,
maldito seja!
O que filhou gran soldada
e nunca fez cavalgada,
é por non ir a Graada
que faroneja.
Se é ric'homen ou ha mesnada,
maldito seja!
O que meteu na taleiga
pouc'haver e muita meiga,
é por non entrar na Veiga
que faroneja.
Pois chus mole é que manteiga,
maldito seja!
e non quis servir a terra
é ora, entrant'a guerra,
que faroneja.
Pois el agora tan muito erra,
maldito seja!
O que levou os dinheiros
e non troux'os cavaleiros,
é por non ir nos primeiros
que faroneja.
Pois que ven cõnos prestumeiros,
maldito seja!
O que filhou gran soldada
e nunca fez cavalgada,
é por non ir a Graada
que faroneja.
Se é ric'homen ou ha mesnada,
maldito seja!
O que meteu na taleiga
pouc'haver e muita meiga,
é por non entrar na Veiga
que faroneja.
Pois chus mole é que manteiga,
maldito seja!
Afonso X
Critica o
comportamento (deslealdade, falta de honra, covardia) de nobres que não
participaram da guerra da Andaluzia, mas querem as riquezas provindas dela
(querendo “farejar” riquezas). Indica uma questão política da época.
- Ai fremosinha, se ben
ajades,
longi de vila quen asperades?
- Vin atender meu amigo.
- Ai, fremosinha, se gradoedes,
longi de vila quen atendedes?
- Vin atender meu amigo.
- Longi de vila quen asperades?
- Direi-vo-l'eu, pois, me perguntades:
Vin atender meu amigo.
- Longi de vila quen atendedes?
- Direi-vo-l'eu, poi-lo non sabedes:
Vin atender meu amigo.
longi de vila quen asperades?
- Vin atender meu amigo.
- Ai, fremosinha, se gradoedes,
longi de vila quen atendedes?
- Vin atender meu amigo.
- Longi de vila quen asperades?
- Direi-vo-l'eu, pois, me perguntades:
Vin atender meu amigo.
- Longi de vila quen atendedes?
- Direi-vo-l'eu, poi-lo non sabedes:
Vin atender meu amigo.
Bernal de Bonoval
Nessa cantiga o
eu-lírico dialoga com uma donzela que espera seu amante longe da vila. Destaque
para o local longe e isolado ilustrado por ele para o encontro dos amantes. É
possível subentender diversas coisas.
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